São Paulo, julho de 2020. Ciente da necessidade de adaptação de rotinas, neste período de pandemia, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) lança o manual Cuidados com os pés em pessoas com diabetes, em tempos de Covid-19. Com linguagem simples e acessível, o documento apresenta uma compilação das principais recomendações para a prevenção de feridas, infecções e outras complicações. Estima-se que cerca de 20% da população com diabetes desenvolva algum problema nos pés, no decorrer da vida. Atualmente, cerca de 16 milhões de brasileiros convivem com o diabetes.
O manual divide-se em seis capítulos que se debruçam sobre avaliação doméstica dos pés, autoexame, cuidados com calçados, como lidar com feridas e curativos, e como agir em caso de infecções. A construção foi realizada por equipe interdisciplinar, composta por profissionais que atuam, diretamente, na atenção aos pés da pessoa com diabetes. “Esses cuidados estão descritos na literatura. Nesse projeto, nosso trabalho foi adequá-los à realidade de quem está em casa. Neste cenário de Covid-19, os pacientes com diabetes têm um risco agregado a esta doença e as medidas de precaução e isolamento físico/social são preconizadas”, comenta a endocrinologista Dra. Maria Cândida Parisi, coordenadora do Departamento de Doenças nos Pés e Neuropatias da SBD.
Pessoas com diabetes desenvolvem maior risco para os pés, predominantemente, em decorrência da neuropatia periférica. Essa complicação do diabetes gera diminuição da sensibilidade protetora. Como consequência, a pessoa fica mais suscetível a ferir-se sem perceber. Em muitos casos, o diabetes também impacta a circulação sanguínea, ocasionando maior dificuldade de cicatrização. “Nossa prioridade é evitar que a pessoa se machuque. Lembrando que, após a ocorrência de uma ferida, cujo risco de infecção é grande, a situação vai ficando cada vez mais complexa, onde muitas vezes evolui para necessidade de cirurgia e amputação”.
O diabetes é a primeira causa de amputações não traumáticas em membros inferiores no mundo. É estimada uma amputação a cada 20 segundos, no mundo, em decorrência do diabetes.
O presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, Dr. Domingos Malerbi, destaca ainda que esses pequenos ferimentos e infecções podem iniciar-se muito facilmente, nas atividades cotidianas. “É muito comum as pessoas se machucarem ao andarem descalças e pisarem em algo pontiagudo. Ou mesmo, durante dias frios, quando utilizam aquecedores e bolsas de água quente para esquentar os pés. Esse manual foi desenvolvido para orientar sobre os riscos que esse tipo de situação cotidiana pode apresentar para pessoas que têm sensibilidade diminuída em decorrência do diabetes”, descreve ele.