1. As oscilações psicológicas e emocionais da quarentena podem afetar o quadro da visão?
Sim. Os olhos podem ser afetados em situação de cansaço, fadiga ou stress, com a manifestação de piora na qualidade da visão. Adicionalmente, o uso excessivo de telas durante o período de isolamento social também pode sobrecarregar os olhos. Recomenda-se uma avaliação oftalmológica em caso de piora da qualidade da visão durante este período.
2. É seguro fazer exames de fundo, de pressão ocular e avaliação das lentes logo após outro cliente?
O exame de fundo de olho pode ser feito por diferentes estratégias: oftalmoscopia direta, indireta, biomicroscopia de fundo na lâmpada de fenda e também por fotografias da retina (retinografias). Exceto a oftalmoscopia direta, as demais estratégias permitem o distanciamento adequado entre o paciente e o examinador. Seguindo-se os protocolos sanitários, o exame de fundo de olho pode ser feito com segurança. O exame de pressão ocular é tradicionalmente feito com tonometria de aplanação, que pode ser realizada com segurança após a desinfecção do equipamento.
3. O tempo de exposição às telas aumentou na pandemia. Quanto tempo por dia é saudável para a visão utilizar celular, televisão e computadores?
A maior restrição em relação a “tempo de tela” deve ser orientada para as crianças, cujo sistema visual encontra-se em desenvolvimento; seu sistema visual pode sofrer alterações importantes em caso de tempo demasiado na tela, sobretudo em relação a objetos próximos dos olhos (celular, tablet). Para os adultos, não existe um limite máximo de tempo para utilização de celular, televisão e computadores, mas recomenda-se a realização de pausas para permitir o relaxamento da musculatura ocular intrínseca, que é acionada quando usamos a visão para perto.
4. A partir de quanto de glicada a retina passa a ser comprometida?
A retinopatia diabética pode ser observada até mesmo em casos de HbA1C abaixo de 6,0. No entanto, a chance de haver retinopatia diabética aumenta quanto maior o valor da HbA1C. A recomendação é manter-se no alvo glicêmico determinado pelo médico endocrinologista e realizar acompanhamento periódico com o médico oftalmologista.
(Ref Diabetes Care. 2011 Jan; 34(1): 145–150.
Glycemic Thresholds for Diabetes-Specific Retinopathy
Implications for diagnostic criteria for diabetes
Stephen Colagiuri, MBBS,1 Crystal M.Y. Lee, PHD,1 Tien Y. Wong, PHD,2,3 Beverley Balkau, PHD,4,5 Jonathan E. Shaw, MD,6 Knut Borch-Johnsen, DMSC,7,8 and the DETECT-2 Collaboration Writing Group*)
5. Qual a frequência para um jovem com DM1 em consultas oftalmológicas com caráter preventivo?
O rastreamento da retinopatia diabética é recomendado no DM1 a partir de 3 a 5 anos do diagnóstico, pelo menos uma vez por ano. Em casos específicos, a frequência recomendada pode ser maior.
6.Quais são os riscos para quem precisa usar reuquinol (Hidroxicloroquina)?
A hidroxicloroquina está associada a toxicidade da retina (MACULAR) com possibilidade de perda visual principalmente em casos de uso crônico. A toxicidade pode provocar uma alteração no campo visual central, e pacientes que fazem uso crônico desta droga devem ter acompanhamento oftalmológico NO MÍNIMO UMA VEZ AO ANO, DESDE O INÍCIO DO USO DA MEDICAÇÃO
7. Como controlar hemorragias intraretinianas recorrentes em paciente com diabetes há 41 anos?
As hemorragias intrarretinianas em paciente com diabetes podem estar presentes em diversos estágios da retinopatia diabética, dos mais leves aos mais graves. A recomendação para pacientes com diabetes e alterações na retina é a avaliação com o médico oftalmologista especialista em retina, que poderá avaliar qual o grau de acometimento e o tratamento correspondente. O tratamento sempre passa pela melhora do controle clínico e muitas vezes conta com medidas específicas oculares, que podem ser o tratamento farmacológico, o tratamento a laser ou até mesmo cirurgias intra-oculares.
8.Como saber em casa quando a pressão ocular está alta? Quais são os sinais?
Aparelhos para auto-monitorização domiciliar da pressão ocular ainda não são amplamente disponíveis. Assim, recomenda-se que medida da pressão ocular seja feita pelo oftalmologista, no consultório. A pressão ocular pode estar alta e não causar sinais ou sintomas. Como manter em dia os exames preventivos de retinopatia diabética em meio à pandemia?
Recomenda-se que cada pessoa com diabetes entre em contato com seu médico endocrinologista e/ou com o médico oftalmologista para avaliar a necessidade de exame oftalmológico. De acordo com o controle clínico, o resultado do último exame e a presença ou não de sintomas, o calendário pode ser flexibilizado em alguns casos.
9.Que tipo de ocorrência determina a emergência de uma consulta com oftalmologista em plena pandemia? E se há riscos específicos ao paciente diabético
São consideradas emergências oftalmológicas principalmente as situações de trauma ocular, dor ocular intensa e baixa súbita de visão. Nestas ocorrências, com risco de perda visual, é necessária a avaliação oftalmológica imediata. O paciente com diabetes tem o risco adicional de complicações oculares dependendo do tempo de doença, controle clínico e status ocular na última avaliação.
10.É famosa a retinopatia diabética, doença dos olhos derivada da glicemia não controlada. Há outras doenças oftalmológicas derivadas ou agravadas pelo diabetes?
Sim, a diabetes não controlada pode causar outras alterações oculares além da retinopatia. As principais são: , flutuação na refração (“grau dos óculos”) secundária à flutuação glicêmica e catarata.
11. Qual a relação entre Glaucoma e a Retinopatia na pessoa com Diabetes?
Em geral, considera-se que não há relação entre o tipo mais comum de glaucoma, conhecido como glaucoma primário de ângulo aberto, e a retinopatia diabética. No entanto, casos avançados de retinopatia diabética podem estar associados a um tipo raro e muito grave de glaucoma, chamado de glaucoma neovascular.
12. Quanto o cigarro prejudica a retinopatia diabética?
O tabagismo ocasiona redução na perfusão retiniana, assim como a retinopatia diabética. Dessa forma, são dois fatores contribuindo para o dano da retina de maneira associada.