Edição #32 da coluna Verdadeiro ou Falso comenta o impacto da qualidade do sono na produção de hormônios que regulam os níveis de açúcar no sangue
São Paulo, maio de 2020. O distanciamento social, devido à pandemia do COVID-19, tem mudado a rotina de muitas famílias. Com mais tempo em casa e a realização de aulas remotas, para controlar os níveis de açúcar no sangue, crianças e jovens com diabetes precisam de uma atenção maior dos pais para dormir de maneira equilibrada e manter uma boa qualidade de vida, alertam especialistas.
“O padrão de sono, de modo geral, mudou muito, desde o século passado, inclusive das crianças e jovens. Com isso, há alterações fisiológicas que afetam o metabolismo e o sistema nervoso. Para os que têm diabetes, é necessária atenção redobrada”, explica a Drª Mônica Gabbay, médica endócrino-pediatra e coordenadora do Departamento de Diabetes Mellitus 1, da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
Com as exigências para combater a COVID-19, é necessário ainda mais cuidados, quando se trata da saúde dos menores em casa, detalha a especialista. “Existe a tendência que, com mais tempo no ambiente familiar, durma-se pouco ou em horários não convencionais, o que é algo mais típico entre os jovens. Afetando, assim, a produção da insulina, hormônio do pâncreas, assim como hormônios gastrointestinais e melatonina, entre outros aspectos fisiológicos”, diz.
Saúde tamanho família
Segundo Gabbay, é importante que a família defina uma rotina diária de sono e a cumpra, para que as crianças e jovens com diabetes mantenham a saúde, especialmente, em tempos de COVID-19. “Às vezes é uma luta, mas os pais precisam exercer esse papel mais assertivo, pelo menos na primeira infância, fase em que até o crescimento pode ser influenciado por noites mal dormidas”, conta.
Com os mais jovens, nem sempre é mais fácil, complementa a médica endócrino-pediatra, devido a hábitos, como jogar videogame, navegar na internet e brincar no celular. “A qualidade do sono, neste caso, pode mexer com o aprendizado da criança e do jovem, já diferenciado por ser em casa neste momento”, diz.
A especialista garante que dormir com qualidade é tão importante quanto se alimentar bem e ter a prática regular de atividades físicas: “Não é dormir mais ou menos, é ter um sono melhor equilibrado. E compensar aos finais de semana não resolve o problema”, conclui.