Projeto Atleta SBD
Você já conhece o PRÊMIO ATLETA SBD?
Quando entrei em minha primeira consulta em 1995 com o diagnóstico de Diabetes Tipo 1, não tinha a menor ideia de como isso faria parte dos meu dias e da minha vida. As dúvidas eram comuns sobre as minhas possibilidades, cuidados e até se eu poderia seguir a minha prática de esporte e até a faculdade de Educação Física. Foi quando meu médico me mostrou um quadro de um atleta com 7 medalhas de ouro e disse que era o Mark Spitz (até o momento era o maior ganhador de medalhas de ouro em uma olimpíada). Pronto! Era o que eu precisava para sair da minha consulta prometendo que faria o melhor e se possível seria o Mark Spitz pra outras pessoas com diabetes principalmente recém diagnosticados e crianças.
Percebi que de todos os esportes a corrida era o que me deixava muito melhor e que me dava condições de uma prática contínua e regular. Um ano após o diagnóstico completei minha primeira Maratona (42,195Km). A partir daí, vieram mais 96 provas no mundo inteiro com essa distância além de descobrir uma outra categoria de corrida chamada Ultramaratona (corridas que ultrapassam a distância da maratona) e aí vieram provas de 24 horas, 50 Km, 75 Km, 90 Km, 100 Km, 217 Km, 48hs, chegando a sua maior distância com 235 Km na Ultra dos Anjos. Sempre com o maior cuidado com a glicemia e ajustes necessários para estar sempre competindo com segurança e prazer, virei referência por ter me especializado no Treinamento Desportivo voltado à corrida e na Educação em Diabetes, e administro e atendo em uma assessoria esportiva reconhecida como “O Ponto de Encontro dos Corredores com Diabetes de SP”.
Sempre venci todas as dificuldades da vida e principalmente no controle do Diabetes, encarando de frente e fazendo o necessário para isso. Dedico essa vitória na vida a minha experiência com o esporte, que sempre me mostrou que um dia a gente ganha, um dia perde, é preciso ter um planejamento, treinamento, disciplina e que nem sempre acontece o que esperamos e nessa hora precisamos de resistência e resiliência.
Esse ano comemoro minha 100ª Maratona, fui condecorado na Ultramaratona mais difícil do Brasil com a participação em todas as categorias da Brazil 135 (217 Km), já fiz maratona na Muralha da China, cruzei os Andes em 100 Km numa ultra de montanha, fiz a mais importante ultra da África, a Comrades Marathon com 89 Km. Mas ser escolhido como Atleta SBD 2019 e embaixador do esporte e atividade física com diabetes foi a coisa mais feliz da minha vida e me motivou a manter toda essa campanha de incentivo, informação, desmistificação na prática de exercícios principalmente para crianças.
Emerson Bisan
- Licenciatura e Bacharelado em Educação Física – UMC
- Espec. em Trein. Desp. de Alto Nível na Acad. Estatal de Moscou – Rússia
- Educador em Diabetes Especializado em Atividade Física
- Professor de Musculação e Personal Trainer nas academias Runner, Reebok e Bodytech
- Educador Fitnessmais – Certificação em Treinador de Corrida
- Membro da Comissão Técnica da Seleção Brasileira de Ultramaratona
- Treinador do Projeto – Correndo pelo Diabetes – Bruno Helman
- 96 Maratonas (RP 2h54)
- Ultramaratonista
- 17 x 75 km de BERTIOGA MARESIAS SOLO
- 8 x Brazil 135 com 217 km
- 65 Km; 95 Km; 135 Km e 235 Km
- 8 x 24h de pista
- 3 X TTT Torres Tramandaí 82 Km
- 3 x 70km Brasil Ride Botucatu
- 4 X Terra 50km, 4 x 100 km de pista
- 100km El Cruce de los Andes
- Comrades (África do Sul) 89 km
- 1 x 48hs de pista
Sou Alexandre Paiva Vieira dos Santos, nasci em Santos – SP, em agosto de 2009. Com 19 anos de idade fui diagnosticado com Diabetes Mellitus 1. Tudo começou com o aumento da frequência de urina durante o dia e especificamente no horário onde estava em trânsito à caminho da Universidade Federal do ABC, onde eu estudava. Neste dia pedi para o motorista do fretado parar por 6 vezes na estrada para eu poder urinar. Quando retornei para casa não consegui dormir pois tive que acordar várias vezes para urinar novamente e no dia seguinte aconteceu a mesma situação do dia anterior. A suspeita surgiu quando minha mãe identificou formigas ao redor do vaso sanitário e então corremos para o Pronto Socorro e o resultado do destro foi de 650 mg/dl. Fui orientado a procurar uma Endocrinologista e então se iniciou o tratamento do Diabetes.
Primeiro conheci o equipamento destro, depois as canetas de insulina para então depois de 4 anos conhecer a Bomba de Infusão de Insulina. Sofri bastante com as injeções de insulina via caneta, já que tomava 6 por dia. Além disso, durante o tratamento com as canetas de insulina, tive um episódio de hipoglicemia severa em que, durante o trajeto para o trabalho, desmaiei e sofri de convulsão, o que me fez decidir de vez o uso da Bomba de Infusão de Insulina.
Sempre pratiquei esportes em minha vida. A corrida; frequentemente participava de provas de pedestrianismo e competições de natação em mar aberto; mas o Diabetes me fez procurar novos desafios. Então em 2017 iniciei no triathlon em uma distância short (750 metros de natação, 20 km de bicicleta e 5 km de corrida) e conquistei o 6º lugar, onde eram premiados os 5 primeiros. Me questionei qual era a diferença entre eu e as pessoas que estavam ali no pódio e percebi que além do treino tinha a motivação pessoal que fazem as pessoas terem força para a disciplina e determinação nos treinos até chegar no pódio. Portanto coloquei na minha cabeça que minha motivação era o Diabetes e segui para os treinos acordando muitas vezes de madrugada, devido indisponibilidade em horário comercial por conta do trabalho – que faço das 8 às 17 horas – (Engenheiro trabalhando em Logística numa multinacional de importação de fertilizantes). Em 2018 fiz minha segunda competição de triathlon, porém numa distância diferente da primeira, sendo 1,5km de natação, 40km de bicicleta e 10km de corrida mas também segui realizando competições de curta distância em Santos e conquistei o 2º lugar no campeonato santista de triathlon na categoria 25-29 anos. Me desafiei ainda mais no ano de 2019 com a inscrição no IronMan Floripa (3,8km de natação, 180km de bicicleta e 42km de corrida) e junto fechei um pacote para treinos mais fortes numa assessoria de triathlon aqui na região de Santos onde conquistei o 5º lugar na categoria 25-29 anos, segundo a organizadora, sou o primeiro diabético a conquistar esse título.
Terminei o ano ainda realizando a Ultramaratona de Bertioga a Maresias (75 km de corrida) em Outubro. Participei ainda de uma seleção no Brasil para representar a Medtronic, fabricante da bomba de insulina que utilizo hoje, e fui um dos 4 brasileiros que foram para Orlando nos EUA com tudo incluso pela Medtronic participar de um evento (pedalada de 160km) beneficente em prol da Cura da Diabetes que se chama JDRF.
No ano de 2019 fui premiado como o Atleta do ano pela SBD.
Todo dia eu aprendo com o Diabetes e qual é a melhor forma de eu conviver com a doença. Hoje após ter essa trajetória no esporte, triathlon e diabetes me sinto na responsabilidade de compartilhar a minha história e incentivar outras pessoas através da informação que “Nada é impossível com diabetes!”.