SBD participa de campanha contra as Hepatites Virais

Ação ocorre em virtude do Julho Amarelo, mês de prevenção às hepatites

Entenda a relação entre a doença e o Diabetes

O mês de julho foi instituído como o de prevenção às hepatites virais e ficou conhecido como “Julho Amarelo”. O ato tem por objetivo reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das infecções virais. Para chamar atenção ao tema, a Sociedade Brasileira de Diabetes se uniu à Sociedade Brasileira de Hepatologia na campanha “Não Amarele”.

As hepatites são classificadas por letras do alfabeto, indo do A até o E. As formas de transmissão são múltiplas, de acordo com o tipo da doença. Comumente, as infecções estão associadas da água e alimentos contaminados, sangue contaminado, contato sexual sem o uso de preservativo e compartilhamento de objetos perfurantes, como seringas, agulhas e instrumentos de manicure e tatuagens.

A Hepatite C e seus riscos

A Hepatite C é considerada uma das maiores epidemias da atualidade. Apenas no Brasil, acomete entre 1 e 2% da população. Segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, a incidência da Hepatite C no ano de 2017 foi de 11,9 casos para 200.000 habitantes. Entre os óbitos associados às hepatites virais em dez anos, no período de 2006 a 2016, 75% foram associados à Hepatite C.

A doença é causada pelo vírus VHC e, em 90% dos casos, é assintomática. Contudo, em algumas situações, a enfermidade pode ocorrer de forma aguda (estágio que antecede a forma crônica) e manifestar sintomas, como:

• Mal-estar;

• Vômitos;

• Náuseas;

• Pele amarelada (icterícia);

• Dores musculares;

• Perda de peso e muito cansaço;

• Ascite (barriga d’água) e confusão mental, que podem ser sinais de que a doença atingiu estágios mais avançados.

“Em geral, a maioria dos portadores só percebe que está doente anos após o contato com o vírus, quando apresenta um quadro grave de hepatite crônica com risco de desenvolver complicações, como cirrose, câncer no fígado e insuficiência hepática”, conta a Dra. Dhianah Santini de Oliveira, coordenadora do Departamento de Campanhas da SBD.

Relação com o Diabetes

A Hepatite C está associada a várias condições clínicas, pois provoca uma série de manifestações extra-hepáticas, como fenômenos autoimunes, manifestações vasculares, renais, hematológicas, neuromusculares e outras, como o diabetes mellitus tipo 2, que é uma das manifestações mais frequentes da infecção pelo vírus C da hepatite.

A Dra. Dhianah Santini lembra da função do fígado nesse momento: “O fígado participa de forma muito importante no metabolismo e homeostase da glicose, sendo o principal órgão responsável pelo desenvolvimento da resistência insulínica. É por isso que temos a associação com o diabetes de forma tão prevalente e destacada”, comenta.

Quem tem Hepatite C e idade superior aos 40 anos tem quatro vezes mais risco de ter diabetes, o que exige a realização de testes periódicos para afastar a presença da doença. Para a testagem, é realizado o exame da curva glicêmica e hemoglobina glicada.

Por outro lado, quem tem diabetes tem de duas a sete vezes mais chances de ter Hepatite C. “Pacientes com diabetes estão mais expostos à uso de seringas para aplicação de insulina, internação e procedimentos hospitalares como um todo, isso em relação à população geral, o que de certa forma aumenta o seu risco de aquisição de Hepatite C”, explica a Dra. Cristiane Alves Villela-Nogueira, professora titular da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Secretária Geral da Sociedade Brasileira de Hepatologia.

O presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, Dr. Domingos Malerbi acrescente que a resistência à insulina causa processos inflamatórios e esteatose (gordura no fígado), o que também facilita a entrada do vírus.

A especialista fala ainda sobre os procedimentos necessários para a pessoa que testou positivo para Hepatite C: “O primeiro passo é confirmar a presença de viremia através de um teste de biologia molecular. Caso confirmada a viremia, é importante consultar um médico para ser adequadamente avaliado e decidir sobre o melhor tratamento”, explica Cristiane.

“É fundamental que seja avaliado o estágio de fibrose hepática, o que pode ser realizado por métodos não invasivos diagnósticos de fibrose juntamente com uma ultrassonografia. Além disso, é também importante afastar outras doenças hepáticas e avaliar hábitos de vida, como o etilismo, por exemplo”, finaliza a médica.

Prevenir é a melhor escolha!

Como não existe vacina contra a Hepatite C, a prevenção depende de conhecer as formas de transmissão do vírus e evitá-las. Portanto é importante:

• Não utilizar drogas injetáveis nem compartilhar objetos de higiene pessoal (escova de dente, lâminas de barbear), de manicure (alicates, lixas, espátulas) e instrumentos para tatuagem que possam conter sangue, o VHC chega a sobreviver quatro dias fora do corpo humano e pode estar nessas superfícies;

• Ao fazer exames, verificar se agulhas ou qualquer outro objeto que entre em contato com sangue é descartável ou está devidamente esterilizado;

• Manter relações sexuais somente com preservativo, em todas as práticas;

• Antes de engravidar, fazer o teste para saber se é portadora do vírus da Hepatite C;

• Ficar longe das bebidas alcoólicas, se for portador do VHC, porque o consumo de álcool aumenta o risco de desenvolver as complicações da doença.