Vamos falar um pouquinho sobre o chocolate e resposta glicêmica.

Como escolher:

O cacau possui vitaminas e outros compostos bioativos como flavonoides e polifenóis (importantes antioxidantes) mas para que essas propriedades sejam atribuídas ao chocolate, ele deve ter cacau suficiente para considerar esses benefícios reais, portanto dar preferência aos que possuem 70% de cacau ou mais é uma boa recomendação. Um trabalho realizado pela Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (-UNICAMP), traz uma importante discussão sobre as etapas de processamento do grão de cacau e a preservação de tais compostos. (1)

Ainda sobre a escolha do melhor chocolate, uma regra geral que pode ser considerada é a de que quanto menos ingredientes em sua composição, mais interessante é o produto. Quanto mais gordura hidrogenada, aromatizantes e outros ingredientes, menos cacau terá, e além de não serem saudáveis, não são tão saborosos.

Já o chocolate branco, na verdade, é um tablete de açúcar, manteiga (gordura do cacau) e leite, pode até ser saboroso, mas não tem nada de nutritivo.

Os chocolates diets para conseguir a estabilidade da receita e tomar forma na ausência de açúcar de adição levam muita gordura no preparo e terminam por isso, não sendo opções saudáveis além do custo mais elevado.

Então, assim como para todos os alimentos industrializados, vale o exercício da leitura do rótulo, para sabermos de fato o que vamos ingerir.

É importante lembrar que o chocolate é um alimento rico em calorias e gorduras e o consumo excessivo pode levar ao ganho de peso e outros problemas de saúde, quando consumidos em excesso.

Como conseguir glicemias melhores:

Comer ou não chocolate não é necessariamente o problema, mas talvez a frequência e quantidade disso. 

O mais importante é nunca deixar de contar o carboidrato do que se ingere, seja uma fruta ou um chocolate. Normalmente ¼ de um ovo de páscoa médio possui em torno de 20g de carboidrato e nessa quantidade talvez a gordura não faça tanta diferença, e calcular a dose de insulina apenas para o carboidrato pode ser suficiente, no entanto, porções maiores, possivelmente farão impacto na glicemia horas após o consumo. 

Não há uma regra fixa para solucionar isso.

Se você é profissional de saúde, busque informações quanto a resposta individual de cada paciente ao consumo de gordura em diferentes quantidades, mas possivelmente em porções maiores o bolus poderá ser dividido e acrescido, já que a gordura retarda o esvaziamento gástrico, mas também causa resistência à insulina tardiamente o que costuma requerer outra dose, horas depois.

Se você tem diabetes, a melhor opção é observar como se comporta sua resposta individual, observar o que acontece com sua glicemia entre 2 a 4hs depois da ingestão, guarde esse aprendizado para a próxima vez não errar novamente e procure auxílio de um profissional que junto contigo consiga pensar na melhor estratégia que atenda ao seu caso, muitas vezes temos que ser detetives e pensar sozinho nunca é a melhor opção. 

Se você tem diabetes, consulte um profissional nutricionista com experiência em contagem de carboidrato antes de fazer grandes mudanças em sua dieta.

Sabrina Soares
  • Nutricionista Clínica
  • Educadora em Diabetes, certificada em instalações e acompanhamento de pacientes em bomba de insulina
  • Membro do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) 
  • Membro da diretoria da SBD regional-BA
  • Mestre pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB

@sabrinasoaresnutri