O Ovo e a Doença Cardiovascular

Com o aumento das doenças cardiovasculares, nossos hábitos alimentares passaram a ter grande importância para a sua prevenção. Desde então, muitos alimentos ricos em gordura passaram a ser limitados para melhor controle do colesterol sanguíneo (colesterolemia). Muitas vezes, aquele alimento que fazia parte do nosso cotidiano, parece ser nocivo e então paramos de vê-lo com bons olhos.

Com relação ao colesterol, é necessário diferenciar o efeito do colesterol dos alimentos do efeito de algumas gorduras, também presente nos alimentos, na produção de colesterol pelo nosso fígado e nos níveis de colesterol no sangue. É importante ressaltar que o colesterol sanguíneo, na medida certa, é importante para a produção de hormônios, bile, entre outras funções. O problema é quando seus níveis estão acima do recomendado (neste caso o LDL colesterol, considerado mau colesterol quando elevado) ou abaixo do ideal ( o HDL colesterol, conhecido como bom colesterol).

Atualmente sabe-se que o colesterol presente nos alimentos exerce pouca influência sobre a concentração do colesterol no sangue. No entanto, assim como existem gorduras benéficas, algumas gorduras presentes nos alimentos estão relacionadas com o aumento do LDL colesterol e com as doenças cardiovasculares, como as citadas abaixo:

– gordura trans (gordura vegetal parcialmente hidrogenada): é aque mais aumenta o LDL-c. Elas estão presentes na maioria dos alimentos industrializados.

– em seguida, vem a gordura saturada, encontrada principalmente nos alimentos de origem animal, como carnes, leite e laticínios integrais (com alto teor de gordura).

Dessa forma, o ovo deixou de ser o grande vilão da lista de alimentos que devem ser evitados por causa da doença cardiovascular.

Ele é um alimento com baixo custo e uma excelente fonte de vários nutrientes, tais como folato, riboflavina, selênio, colina e vitaminas A, D E, K e B12, além de sais minerais (ferro, fósforo, cálcio, magnésio, sódio, potássio, cloro, iodo, manganês, enxofre, cobre e zinco), proteína de alta qualidade e gordura, que facilita a absorção de importantes nutrientes, como luteína e zeaxantina. Estas últimas estão associadas à prevenção de cegueira causada pela degeneração macular (comum em pessoas acima dos 50 anos). Também é fonte de gorduras e colesterol. As gorduras, minerais e vitaminas acima citados estão presentes quase que totalmente na gema, sendo a clara constituída pelas proteínas. Então vale a pena consumir o ovo inteiro!

O consumo de ovos, em uma alimentação saudável e controlada em gorduras trans e saturada, parece não exercer efeitos negativos nos níveis de colesterol do sangue. Uma explicação para isso seria o fato de apenas 50% da gordura presente nos ovos é do tipo insaturada (gordura benéfica). Além disso, o efeito do consumo de ovos sobre a colesterolemia depende da capacidade do organismo em absorver colesterol. Acredita-se que entre 75%-85% da população sejam pouco sensíveis às quantidades de colesterol na dieta, ou seja, o efeito do consumo de alimentos ricos em colesterol sobre o LDL é muito pequeno.

Deve-se ter cuidado na forma de preparo do ovo: quando frito ou mexido, há adição de gorduras, aumentando calorias e, dependendo do tipo de gordura, pode elevar o colesterol.

Então como podemos consumir o ovo no dia a dia? Para quem tem diabetes e/ou taxa de LDL elevada, recomenda-se em torno de 2 a 3x/semana.

Café da manhã:AlmoçoJantar
Pão (de preferência integral)
ou cuscuz ou tapiocaOvoCaféFruta
Ovo – Substituindo a carne/ frango / peixe Omelete – substituindo a carne frango/ peixe


Nos outros dias, no café da manhã, o ovo pode ser substituído por leite ou seus derivados como queijo branco, coalhada e iogurte natural (desnatados ou semidesnatados) ou ainda as castanhas, caso não possa consumir o leite e/ou seus derivados.

Fontes:

1 – Sociedade Brasileira de Cardiologia • V DIRETRIZ BRASILEIRA DE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE. Volume 101, Nº 4, Supl. 1, Outubro 2013.
2 – MINISTÉRIO DA SAÚDE. GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA. 2005

Dra. Maria Aparecida B. do Nascimento
  • Nutricionista da Secretaria de Saúde do DF
  • Mestre em Nutrição pela UnB
  • Nutricionista Membro do Departamento de Nutrição da SBD 2014/2016
Dra Anelena S. Seyffarth
  • Nutricionista Especialista em Nutrição Clínica