Qual a relação entre a saliva de um lagarto conhecido como monstro de Gila, uma flor chamada Galega officinalis (ou também conhecida como Lilacs francês), a casca da raiz da macieira e o tratamento do diabetes mellitus tipo 2? As três situações são encontradas na natureza e serviram de base para o desenvolvimento de tratamentos bem estabelecidos dessa doença.
No primeiro exemplo, foi a análise de um composto na saliva do lagarto que foi a ponto de partida para o desenvolvimento dos análogos do GLP-1 (por exemplo, exenatida, liraglutida e semaglutida). No segundo exemplo, a planta e a sua flor foram a base para o desenvolvimento farmacológico das biguanidas (a famosa metformina). E, no terceiro exemplo, a casca de uma árvore e seu poder promover perda de glicose pela urina serviu para a criação dos inibidores da SGLT2 (como a dapagliflozina e empagliflozina). Mas há um detalhe importante: na natureza, o contato e/ou a ingestão desses produtos naturais são tóxicos para os seres humanos. Por isso a Sociedade Brasileira de Diabetes alerta: não existe nenhum produto natural ou fitoterápico aprovado para o tratamento de qualquer forma de diabetes.
A natureza é fonte de inspiração para o surgimento de diversas medicações que vão além dos exemplos citados. Mas também são perfeitos para reforçar a seguinte informação: não é porque é natural que aquele elemento é inofensivo. Esse pensamento é algo que existe no imaginário das pessoas e é importante ressaltar que o consumo de produtos naturais pode trazer grandes problemas, como efeitos colaterais, intoxicação e até interações com medicamentos.
O consumo ‘in natura’ de diversas substâncias muitas vezes carecem de estudos de segurança, mas são vendidos com uma enorme facilidade, principalmente nas redes sociais, para diversas pessoas e sem necessidade de orientação ou receita médica. O uso de produtos naturais está enraizado na cultura das pessoas como se fosse totalmente inócuo para a saúde, assim como a automedicação. Só que isso não é verdade. Vale ressaltar que o consumo de produtos fitoterápicos está entre as principais causas de insuficiência hepática no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Hepatologia.
Mesmo que diversos tratamentos para o diabetes derivem de produtos naturais é extremamente relevante que as pessoas entendam que existe uma enorme diferença entre a substância encontrada na natureza e o produto derivado dela que encontramos em medicações compradas em farmácias. A Sociedade Brasileira de Diabetes reafirma seu compromisso com os fatos e enfatiza, novamente, que não existe nenhum produto natural ou fitoterápico aprovado para o tratamento de qualquer forma de diabetes, seja em diretrizes nacionais ou de qualquer país do mundo.
Siga as orientações do seu médico para um tratamento correto e seguro!
- Vinicius Ruashttps://diabetes.org.br/author/vinicius/
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