Obesidade infantil

Dia 31 de maio é o dia da Conscientização contra a Obesidade Infantil. Essa data tem o objetivo de trazer um alerta para os riscos e cuidados necessários especialmente nessa faixa etária. O estilo de vida exerce um impacto na saúde a longo prazo, sendo um forte preditor da condição de saúde. O ambiente que promove uma alimentação inadequada e estilo de vida sedentário, aumentam o risco de doenças metabólicas na idade adulta.

A obesidade é uma condição multifatorial, resultante da interação entre fatores genéticos, ambientais e socioeconômicos. Considerando que a obesidade pode se manifestar em qualquer faixa etária e apresenta elevada morbidade é essencial a realização contínua de estudos com objetivo de atualizar dados epidemiológicos que subsidiem intervenções preventivas e terapêuticas para mitigar esse problema de grande impacto à  

Desde 2001, a Profa Dra. Ana Mayra A. de Oliveira coordenadora do NUPEFS – Nucleo de Pesquisa de Endocrinologia de Feira de Santana ligado à UEFS – Universidade Estadual de Feira de Santana, conduz estudos sobre epidemiologia e comorbidade de obesidade e sobrepeso em crianças e adolescentes na cidade de Feira de Santana.  

Para determinação de prevalência de sobrepeso/obesidade infantil foram avaliadas 1905 crianças, sendo 699 em 2001, 679 em 2011 e 527 em 2019.  

Os dados indicam aumento na prevalência de sobrepeso (9,3%, 15,5% e 14,8%, respectivamente) e obesidade (4,4%, 7,2% e 10,6%, respectivamente) ao longo dos anos analisados em crianças de 5 a 9 anos. 

Observou-se em outro estudo com adolescentes obesos associação significativa entre excesso de peso e marcadores de resistência insulinica (HOMA-IR) assim como entre este e marcadores inflamatórios (proteína C-reativa de alta sensibilidade (PCR-as), fator de necrose tumoral alfa e interleucina-6), sugerindo morbidade cardiovascular a curto e médio prazos, tornando assim esta população como de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. 

Foi também analisado disfunção cardiovascular e endotelial nestes jovens obesos por meios clínicos (mensuração da pressão arterial (PA)) além de realização de teste de hiperemia reativa e ecocardiografia transtorácica com Doppler tecidual. Os resultados deste braço do estudo revelaram que o excesso de peso nesta população está associado à hipertensão sistólica e diastólica, disfunção vascular precoce e alterações estruturais cardíacas, como aumento da massa do ventrículo esquerdo e do volume do átrio esquerdo, bem como à disfunção diastólica.  

Associação entre excesso de peso e esteatose hepática foi pesquisada através de ecografia e mais um resultado positivo foi encontrado. 

Os resultados das pesquisas confirmam, portanto, o crescimento do excesso de peso entre os jovens assim como sua morbidade cardiometabólica já em idade muito precoce o que torna urgente intervenções preventivas e terapêuticas.

FONTE:

DE VASCONCELLOS, Mauricio Teixeira Leite et al. Sampling design for the study of Cardiovascular Risks in Adolescents (ERICA). Cadernos de Saude Publica, v. 31, n. 5, p. 921–930, 2015.

OLIVEIRA, Ana M. et al. Influence of the family nucleus on obesity in children from northeastern Brazil: A cross-sectional study. BMC Public Health, v. 7, p. 1–5, 2007.

OLIVEIRA, Antônio C. et al. Alanine Aminotransferase and High Sensitivity C-Reactive Protein: Correlates of Cardiovascular Risk Factors in Youth. Journal of Pediatrics, v. 152, n. 3, p. 337–342, 2008.

OLIVEIRA, Antônio C. et al. Is triglyceride to high-density lipoprotein cholesterol ratio a surrogates for insulin resistance in youth? Health, v. 05, n. 03, p. 481–485, 2013.

OLIVEIRA, Ana Mayra A. De et al. Fatores ambientais e antropométricos associados à hipertensão arterial infantil. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 48, n. 6, p. 849–854, 2004.

OLIVEIRA, Ana Mayra A. De et al. Sobrepeso e obesidade infantil: influência de fatores biológicos e ambientais em Feira de Santana, BA. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 47, n. 2, p. 144–150, 2003.