O depoimento descrito abaixo, emocionado, reflete adequadamente as consequências desastrosas da falta de informação de uma grande parcela da população diabética brasileira que, infelizmente, nunca teve a oportunidade de passar por um programa decente de educação em diabetes:
“Me desculpem o que vou falar: sou diabético insulino-dependente há 31 anos. Fui diagnosticado aos 12 anos e desde aquele dia infelizmente comecei a aplicar insulina e nunca mais parei! Hoje vejo isso como um TREMENDO ABSURDO. Você acaba VICIANDO O SEU CORPO COM AS INJEÇÕES DE INSULINA. É MAIS ou MENOS parecido com uma droga como o cigarro ou o álcool, por exemplo, só que no caso da insulina você acaba sendo manipulado por algum doutorzinho que se diz especialista em diabetes e acaba te deixando inseguro e com isso você passa a tomar insulina todos os dias até ficar dependente. E esses “PESQUISADORES” acabam ILUDINDO as pessoas já que não conseguem ou na verdade DEVEM SER PAGOS PELA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA para não divulgarem nada a respeito da CURA. Por que se a CURA FOSSE divulgada isso acabaria, iria levar à FALÊNCIA a INDÚSTRIA FARMACÊUTICA QUE FATURA MUITOS BILHÕES, tudo em cima dos diabéticos. Infelizmente é este o mundo em que nós vivemos! Mas a ESPERANÇA nunca irá acabar principalmente para nós diabéticos que dependemos de insulina, porque a nossa esperança vem da PALAVRA DE DEUS que nos ANIMA, nos dá CONHECIMENTO E SABEDORIA para lutar contra isso. Somente DEUS pode livrar uma ALMA da Depressão causada pelos anos desta doença maligna. (A CURA ESTÁ EM TUA FÉ E ESPERANÇA EM NOSSO DEUS). MISSIONÁRIO e EVANGELIZADOR”
O primeiro conceito equivocado manifestado por esse paciente é a concepção de que a insulinoterapia é uma modalidade terapêutica opcional para um jovem pré-adolescente de 12 anos, seguramente, com diagnóstico de diabetes tipo 1, quando, na verdade, foi o tratamento insulínico que o mantém vivo até agora. Outro conceito perigosamente incorreto refere-se à caracterização da insulina como uma droga viciante, comparável aos vícios de tabagismo e de alcoolismo. De acordo com o nosso paciente, o médico que o atende, pouco carinhosamente descrito como “doutorzinho”, seria um criminoso desalmado que ilude seus pacientes e que prescreve insulina apenas para prejudicá-los, uma vez que sua conduta terapêutica tem o único objetivo de enriquecer a indústria farmacêutica e a ele próprio.
Ao entrar no domínio místico da fé religiosa, o paciente transfere para a esfera divina a responsabilidade por todas as mazelas decorrentes da insulinoterapia. É preciso salientar que a fé religiosa pode, efetivamente, ajudar bastante no abrandamento das reações emocionais negativas que colocam em pânico várias pessoas com diabetes. Se esse paciente tivesse recebido uma abordagem tão necessária como a educação em diabetes, poderíamos efetivamente ajudá-lo a vencer o pânico associado às suas concepções errôneas da doença e de seu tratamento.
Dr. Augusto Pimazoni-Netto | CREMESP 11.970
- Doutor em Ciências (Endocrinologia Clínica) pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
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