SBD lança livro “Interdisciplinaridade no Contexto das Doenças dos Pés no Diabetes”

O evento on-line acontece dia 25/08, às 19h30
A obra pode ser baixada em formato e-book no site da SBD

São Paulo, agosto de 2021. No próximo dia 25 de agosto, das 19h30 às 20h30, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) lança o livro, em formato e-book, “Interdisciplinaridade no Contexto das Doenças dos Pés no Diabetes: tratamentos clínicos, políticas públicas e tecnologias em saúde”. Organizado por Cicília Raquel Maia Leite, Maria Cândida Ribeiro Parisi e Mário Fabrício Fleury Rosa, a obra é uma publicação da SBD em parceria com a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e a Universidade de Brasília (UnB).

O lançamento acontecerá em uma live no portal Diabetes Play [diabetesplay.com.br], com a participação dos organizadores do livro, do presidente da SBD, Domingos Malerbi, e da pesquisadora da UnB, Suélia Fleury, representando os muitos autores e pesquisadores que participaram da obra. O livro é indicado para especialistas, gestores da área da saúde, pacientes, familiares e demais interessados na temática do diabetes.

Uma das organizadoras do livro, Maria Cândida Ribeiro Parisi, coordenadora do Departamento de Doenças nos Pés e Neuropatias da SBD, afirma que o investimento que a Sociedade está fazendo é no sentido de pensar em soluções e contribuir no desafio de cuidar, evitar e mudar o prognóstico da complicação pé diabético, baseando-se em ações obtidas através de evidências científicas: “A saída para o cuidado das complicações nos pés da pessoa com diabetes é coletiva, por meio da ciência”.

Cenário da ciência no país 

Segundo Mário Fabrício Fleury Rosa, outro organizador do livro, o pé diabético é uma complicação grave e frequente decorrente do diabetes que gera impactos na vida dos pacientes, familiares e do Sistema Público de Saúde (SUS). Dessa maneira, são necessárias pesquisas em diversas áreas do conhecimento para avançar na qualidade de vida e diminuir os custos da doença no sistema de saúde: “Nos 19 capítulos, demos voz para iniciativas que trabalham com políticas públicas, tecnologias de saúde, estudos clínicos e tratamentos para o diabetes”, complementa ele.

Fleury Rosa conta que um dos objetivos para a idealização da obra, em 2019, em meio aos cortes dos recursos públicos ao setor de ciência e tecnologia no Brasil, é mostrar trabalhos científicos sobre complicações nos pés de pessoas com diabetes, o pé diabético, realizados por universidades do país, evidenciando como essas pesquisas dão retorno para a sociedade por meio do desenvolvimento de conhecimentos, produtos e processos.

“Quando o livro foi idealizado, havia uma crise progressiva na ciência. Hoje, estamos sofrendo os desdobramentos dessa crise. Com a chegada da pandemia, se tornou mais evidente o quão importante é o setor de pesquisa. O que ficou claro diante desse contexto é que países com um setor científico mais avançado saíram mais rápido da crise sanitária”, afirma o organizador da obra e que também é historiador e pesquisador da UnB.

Neuropatia do diabetes

Dentre as várias manifestações clínicas que atingem os nervos periféricos associadas ao diabetes, as relacionadas aos pés têm destaque em termos de importância, seja por sua elevada prevalência, pela complexidade de sua fisiopatologia, pelo forte impacto social, pelo alto potencial de incapacitação e perda de qualidade de vida ou pelo alto custo de seus desdobramentos. De modo paradoxo, existe uma alta relação custo-benefício de sua prevenção, caracterizada por amplas oportunidades de implementação por meio de medidas relativamente simples.

Cândida Parisi explica que a neuropatia diabética é uma complicação extremamente frequente e pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 2 podem apresentar algum grau de comprometimento do órgão. No entanto, é depois de duas décadas vivendo com diabetes que mais da metade dessas pessoas vai apresentar neuropatia. “No caso do pé diabético, a neuropatia que pode passar despercebida, as pessoas podem perder progressivamente a sensibilidade protetora dos pés, ocasionando feridas que podem evoluir com complicações maiores, inclusive a amputação do membro (perna ou pé)”, comenta ela, que também é pesquisadora na Unicamp.

Para Parisi, a relevância e frequência do pé diabético podem ser descritas como uma situação de pandemia, uma “peste”, como nos termos do escritor Albert Camus (livro “A peste”, 1947), que deve ter investimentos de instituições médicas, sociedades científicas e de pesquisadores, para reduzir os seus impactos e implicações, com olhar em particular, para as imensas populações com menos condições socioeconômicas que, principalmente nestes tempos de pandemia vem aumentando em progressão geométrica: “Em seu livro, o escritor franco-argelino diz que a solução para a “peste” está na ciência. Parafraseando, penso que somente por meio de evidências científicas poderemos contribuir na redução do impacto do pé diabético nas grandes populações e mudar os prognósticos dessa complicação”, conclui.

Patrocinado pela SBD, o livro é gratuito e pode ser baixado nos sites das bibliotecas da UERN, da Unicamp e da UnB ou no site da Sociedade.