São Paulo, junho de 2020. A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) lança o Posicionamento Oficial de Conduta Terapêutica para Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1). A entidade considera importante que os médicos de todo o País possam basear-se em dados atualizados e fontes seguras para atuarem nas diversas frentes do tratamento do diabetes.
O projeto, iniciado em fevereiro, deste ano, teve a coordenação da Dra. Mônica Gabbay, Professora afiliada da Unifesp, Pós-doutora em Endocrinologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Coordenadora do Departamento de DM1 na SBD. Ao todo, contou ainda com a participação de outros 14 profissionais da Sociedade.
Renovação contínua de conhecimentos
De acordo com o presidente da SBD, Dr. Domingos Malerbi, esse Posicionamento marca um formato já consagrado de revisão e atualização sobre diabetes. “É tradicional a publicação de diretrizes a cada dois anos. Contudo, a ciência e novos conhecimentos avançam com rapidez, o que demanda uma atualização mais ágil. A renovação deve ser contínua“.
Dr. Malerbi aponta que o viés de trabalho configura um projeto para elaboração de cinco posicionamentos por ano, além das tradicionais diretrizes, que deverão também passar por reformulações nessa gestão. Segundo ele, essa série de Posicionamentos de 2020 baseou-se nos principais pontos de evolução observados comparativamente entre as diretrizes americanas de 2019 e 2020. A partir dessa identificação, elencaram-se os objetos que serão alvo de análise pelos pesquisadores da SBD, como: insulina inalada, monitorização de glicemia, entre outros.
Temas do Documento e Análogos de Insulina de Longa Duração
Baseado nas necessidades de toda a população brasileira, o Posicionamento apresenta, dentre os temas fundamentais: opções terapêuticas disponíveis no mercado; insulinas disponibilizadas pela rede pública; e ajustes para adaptar e melhorar o tratamento do paciente.
“No posicionamento, tivemos bastante atenção em abordar temas envolvendo a insulina, inclusive mostrando que é possível substituir a insulina regular humana pelo análogo de ação rápida já disponível na rede pública, mesmo utilizando a insulina NPH como insulina basal, mas dentro da possibilidade de cada um, principalmente, quando falamos de crianças”, comenta a Dra. Mônica Gabbay.
A endocrinologista acrescenta que o análogo de insulina de longa ação ainda não está presente em toda rede pública do Brasil. “Para a SBD, essa ainda é uma grande luta, nosso objetivo é levar a universalização da terapia basal-bolus de maneira gratuita, podendo atender sempre o maior número de pessoas”, completa.
O uso da insulina, com particularidades de cada tipo, seus efeitos, duração e formas de uso, além de perfis dos pacientes e riscos da medicação, também foram temas do material.
Documento envolveu especialistas de todo o País
Finalizado em maio, o projeto contou com reuniões presenciais, em sua fase inicial. Contudo, devido à pandemia por Covid-19, precisou ser adaptado para o formato on-line – o que não foi considerado um ponto negativo, visto que aproximou profissionais de todo o País.
“Colocamos especialistas do Brasil inteiro. Todas as regiões estavam representadas nesse Posicionamento, o que é ótimo, pois cada um tem a sua realidade”, acrescenta a Dra. Denise Franco, Coordenadora do Departamento de DM1 no Adulto na SBD.
A especialista aponta ainda o papel das trocas de informações regionalizadas para o projeto. “O médico que está no norte ou sul do País, por exemplo, entende mais das particularidades dos pacientes da região e saberá qual o melhor tratamento para ele, fazendo com que nossas diretrizes sejam mais precisas”.
O Dr. Malerbi acrescenta que o atual cenário de isolamento catalisou um plano em curso na SBD, a ampliação do emprego de ferramentas digitais para comunicação e educação. Segundo ele, a experiência bem sucedida nesse e outros trabalhos devem ser incorporadas em próximas iniciativas, como os próprios posicionamentos e até mesmo o Simpósio Internacional de Tecnologias em Diabetes (Sitec).
A Sociedade Brasileira de Diabetes orgulha-se de ter conseguido atualizar dados e informações referentes aos tratamentos e como eles devem ser aplicados. É sabido que a difusão desse documento não será feita imediatamente. Mas com o apoio dos profissionais da área, ele pode chegar às mais diversas localidades do Brasil – contribuindo para o exercício dos quase dois mil associados da SBD, demais especialistas engajados e, sobretudo, para o tratamento de inúmeras pessoas com diabetes.
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