Tecnologia com bomba de infusão de insulina

A terapia com bomba de insulina vem sendo utilizada no mundo desde o final da década de 70. No Brasil, essa tecnologia chegou no início do século XX e o número de pessoas utilizando a terapia vem crescendo. Segundo a American Association of Diabetes Educators(2018) existem mais de 1.000.000 de pessoas com diabetes em terapia com bomba de insulina em todo o mundo. Nos EUA, estima-se que existam entre 350.000-515.000 pessoas e no Brasil não existem dados estatísticos atualizados.

Geralmente essa terapia é utilizada para pessoas com Diabetes tipo 1, mas também pode ser utilizada para Diabetes tipo 2, em insulinoterapia. No Brasil existem bombas com calculadoras inteligentes e sistemas integrados de bomba com Monitorização Contínua de Glicose, que suspendem a infusão de insulina na hipoglicemia ou na previsão da hipoglicemia.

A Bomba de Infusão (BI) é um dispositivo eletrônico, parecido com os antigos bips, que fica conectada ao corpo através de um cateter, ligado à um reservatório com insulina, e uma cânula flexível inserida no tecido subcutâneo. A orientação é que todo o conjunto de infusão seja trocado a cada 48 a 72 horas, para evitar inflamação ou infecção local. Os locais que podem ser utilizados para aplicação são os mesmos da injeção: abdome, braços, coxas, flancos e glúteos.

O tipo de insulina usado na BI é a insulina análoga de ação ultra- rápida. Sua infusão é feita em micro doses, simulando o funcionamento fisiológico do pâncreas através da infusão de insulina basal e bolus. A insulina basal é a quantidade de insulina administrada durante às 24 horas e a insulina bolus é a quantidade de insulina administrada para correção da glicemia (hiperglicemia) e para as refeições, utilizando a técnica de contagem de carboidratos. Isso aumenta a flexibilidade no estilo de vida e melhora do controle glicêmico.

As calculadoras inteligentes são configuradas individualmente com os seguintes parâmetros: relação insulina/carboidrato, fator de sensibilidade, objetivo glicêmico e tempo de insulina ativa. Assim, sempre que o paciente verificar a glicemia capilar e/ou contabilizar os carboidratos, ele insere na bomba essas informações e a bomba estima a quantidade de insulina necessária. A terapia com a BI assim como as outras terapias medicamentosas para o tratamento do diabetes são privativas da medicina, portanto apenas o profissional médico pode prescrever.

Considerada padrão ouro para o tratamento do diabetes, o sucesso no uso da BI tem como aliado fundamental o processo de educação, realizado por educadores em diabetes, ou seja, profissionais da área da saúde (enfermeiros, médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos, entre outros) capacitados em educação em diabetes.

A educação deve ser constante, porque faz parte do processo de mudança de comportamento como na implementação do tratamento e momentos de recaída. É importante que o educador ouça as dificuldades, medos e angústias, sem julgamentos. É importante, também, reconhecer qualquer mudança mesmo que mínima, oferecendo elogios que aumentem a motivação.

O papel do educador em bomba de insulina é capacitar o paciente e familiares para que eles sejam capazes de gerenciar o uso e manuseio da bomba. Por meio do processo de educação, o paciente e sua família aprendem como atuar em situações de hipoglicemia e hiperglicemia, reconhecer falhas com sets de infusão, realizar rodízio dos locais de aplicação e usar configurações na BI em situações especificas como: doença, férias, festas e mudança de rotina. Nem sempre esse processo é simples, já que cada indivíduo necessita de um tempo para iniciar e implementar mudanças, por isso é importante individualizar o processo.

Nos Estados Unidos e na Europa o educador em diabetes é uma profissão formal, porém, no Brasil o educador ainda não é reconhecido como profissão e existem poucos centros especializados em bomba de insulina. Assim, os profissionais da área da saúde podem ser certificados pelas empresas que comercializam as terapias de BI, a fim de desenvolver o papel de educador.

Referências bibliográficas:

  • American Association of Diabetes Educators. Continuous Subcutaneous Insulin Infusion (CSII) Without and With Sensor Integration. Disponível em: https://www.diabeteseducator.org/docs/default-source/practice/practice-documents/practice-papers/continuous-subcutaneous-insulin-infusion-2018.pdf?sfvrsn=2%0Ahttps://mail-attachment.googleusercontent.com/attachment/u/0/?ui=2&ik=f8f08a057e&view=att&th=161ed0. Acesso em: 06/Junho/2018.
  • INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION. International Standards for Education of Diabetes Health Professional. 2015. Disponível em: <https://www.idf.org/e-library/education/63-international-standards-for-education-of-diabetes-health-professionals.html> . Acesso em 01/Junho/2018.