Olá, seja bem-vindo ao podcast da SBD. Estamos distantes da cura do diabetes tipo 1. Eu sou Fernando Valente, professor da Faculdade de Medicina do ABC e editor do podcast. Esses programas contam com a participação de grandes diabetologista brasileiras. Ouça agora sobre a terapia celular, o possível caminho para a sonhada.
Em 5 anos, a cura vai chegar. Se você tem diabetes tipo 1 há mais de 20 anos ou é familiar de alguém com diabetes tipo 1, em algum momento essa afirmação deve ter passado por vocês.
Eu sou Talita Trevisan, membro do Departamento de Diabetes Tipo 1 Adulto da Sociedade Brasileira de Diabetes. Hoje venho falar a respeito de um dos tópicos mais badalados do diabetes tipo 1 no último ano: a terapia celular. O que é isso? Nos anos 90 para início dos anos 2000, a gente começou a ouvir falar de células-tronco que teriam a capacidade de se tornar qualquer célula do corpo humano.
Infelizmente, alguns laboratórios espalhados pelo mundo conseguiram organizar o caminho para que essas células se tornassem células Beta, as células que produzem insulina.
As células-tronco que a gente está falando aqui são as embrionárias e têm como fonte material que seria descartado de clínicas de fertilização.
De forma muito simplificada, a ideia é fabricar células Beta, novamente células produtoras de insulina, e colocá-las dentro do organismo de uma pessoa com diabetes tipo 1. E essas células vão começar a produzir insulina conforme a necessidade dessa pessoa. No entanto, a gente precisa lembrar que o organismo vai entender essas células como um órgão de outra pessoa, como um órgão transplantado, e haverá uma reação da imunidade do organismo contra essas células estranhas.
Além disso, o diabetes tipo 1, ele tem como uma das suas principais causas o fato do sistema de defesa se perder e acabar destruindo as suas próprias células Beta.
Ou seja, não é só fabricar células Beta, elas precisam vencer obstáculos, e essa é a grande corrida em busca da cura do diabetes: quem vai conseguir fabricar células Beta que não serão destruídas, que durarão ao longo da vida da pessoa com diabetes tipo 1 e serão efetivas na produção de insulina.
Quem conseguirá tornar essas super células Beta uma realidade?
O que nos entusiasma aqui é que no ano passado, a gente presenciou que o primeiro sucesso dessa linha futura de tratamento, que foi coberto até pela mídia leiga. Uma pessoa com mais de 40 anos de diabetes, tipo, passou a não precisar mais de insulina depois de 270 dias de ter recebido uma infusão de células Beta fabricada em determinado laboratório.
A grande questão aqui é que ainda esta pessoa precisa tomar medicamentos semelhantes aos usados em quem recebe um transplante de rim para não rejeitar essas células que ele recebeu.
Outras pessoas começaram a passar por essa, vamos colocar experiência entre aspas, mas por esse estudo, e a gente deve saber dos resultados dessas outras pessoas nos próximos meses a anos.
Bem, o futuro, a cura do diabetes, o encontrar esse caminho começou oficialmente a ser traçado. Enquanto isso, a nossa função como profissionais de saúde é ajudar vocês a ter um resultado glicêmico adequado para que num futuro hoje não mais tão distante possamos celebrar a existência de um tratamento definitivo para o diabético. É isso? Muito obrigada.
Talita Letícia Trevisan
Endocrinologia e Metabologia