Um estudo publicado recentemente (2020), desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa Metabólica do Departamento de Medicina e Nutrição da Universidade de Guanajuato, no México, buscou identificar o Efeito de uma intervenção familiar e interdisciplinar (dieta e exercícios) para prevenir o Diabetes tipo 2.
Já se sabe que mudanças no estilo de vida podem reduzir o risco de DM2; entretanto, nenhum estudo tinha avaliado até então o efeito de uma intervenção no estilo de vida envolvendo a família do paciente.
O objetivo deste estudo (ECR) foi comparar o impacto de orientações sobre dieta e exercício direcionados a toda a família vs. intervenção individual, no metabolismo da glicose, resistência à insulina, função das células β pancreáticas e marcadores de risco cardiovascular em pacientes com pré-diabetes, bem como para medir o impacto sobre o risco metabólico nos demais membros da família.
122 indivíduos com pré-diabetes e 101 membros da família foram randomizados para os dois grupos. Os dados foram coletados em 2015-2016 e analisados em 2017-2018.
O grupo 1 contou com o apoio de seus familiares, que também receberam recomendações de dieta e exercícios personalizados. Os pacientes e seus familiares participaram mensalmente de um programa de melhoria do estilo de vida. O grupo 2 recebeu dieta personalizada e recomendações de exercícios apenas para o indivíduo com pré-diabetes. O seguimento foi de 12 meses. Glicose, resistência à insulina, função das células β pancreáticas e resultados secundários (composição corporal e perfil lipídico) foram avaliados no início do estudo, aos 6 e 12 meses.
O grupo 1, melhorou a área sob a curva de glicose (AUC) (de 18.597 ± 2.611 para 17.237 ± 2.792, p = 0,004) e o índice de sensibilidade a insulina (Índice de Matsuda) (de 3,5 ± 2,3 para 4,7 ± 3,5, p = 0,05) em 12 meses.
O grupo II, melhorou o Índice de Disposição (de 1,5 ± 0,4 para 1,9 ± 0,73, p <0,0001) em 12 meses.
As melhorias alcançadas em peso e lipídios em 6 meses, foram perdidas no grupo 2 em 12 meses, enquanto no grupo 1, persistiram.
A adesão até 12 meses não foi diferente entre os grupos de estudo (Grupo 1 – 56% Vs Grupo 2 – 60%).
A participação da família nas mudanças de hábitos de vida foi mais efetiva ao melhorar a AUC da glicose, a sensibilidade à insulina e o perfil lipídico, além disso, o risco metabólico nos familiares do grupo 1 foi mantido, enquanto o risco do grupo 2 aumentou.
Portanto, vale reforçar que o envolvimento de todos pertencentes ao núcleo familiar na melhoria da qualidade de vida traz benefícios não apenas para o indivíduo em questão como para os demais, na prevenção de doenças, especificamente DM2 que foi o objetivo deste estudo.
Sabrina Soares de Santana Sousa
- Nutricionista Clínica
- Membro do Departamento de Nutrição da SBD (gestão 2020 – 2021)
- Educadora em Diabetes
- Membro da SBD Regional - BA
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