O comer emocional é uma tentativa de regular as emoções por meio da comida, o qual é iniciado como consequência de diferentes sentimentos e não tem relação com a fome fisiológica, o que não necessariamente é algo ruim, visto que o comer vai além de saciar a fome, sendo determinado por aspectos também socioculturais, econômicos e emocionais.
A fome emocional é identificada quando não temos sinais físicos de fome e não se passou tanto tempo desde a última refeição, apresentamos desejo por um alimento ou preparação específica, comer nos parece a melhor ou única opção para amenizar algum sentimento aversivo, a comida não traz satisfação e, em geral, podemos ter comportamentos como passear pela cozinha em busca de algum alimento que não sabemos dizer qual é, ou abrimos a geladeira e ficamos pensando sobre o que queremos comer
É comum que, em momentos de sofrimento emocional, o aumento na frequência da busca pelo prazer na alimentação seja uma opção para amenizar sentimentos ruins, o que acontece com todos nós em algum momento da vida. No entanto, torna-se preocupante quando a comida é usada sempre como único conforto emocional ou sempre usamos a comida para tentar lidar com problemas que não tem relação com a fome. Quanto maior a frequência do comer emocional, maior é a chance de piorar a qualidade da nossa alimentação e a nossa relação com a comida.
No caso de pessoas com Diabetes, a percepção de fome e saciedade pode ser difícil quando na vigência do descontrole glicêmico. Além disso, como buscamos alimentos altamente palatáveis, como doces e petiscos, para “beliscar” e usar como conforto, uma alta frequência de comer emocional pode contribuir para o descontrole glicêmico e ganho de peso, prejudicando a saúde.
Portanto, é necessário aprender a emitir comportamentos mais saudáveis que também possam atuar como conforto e distração, além de buscar ajuda psicológica para resolver de forma efetiva o sofrimento emocional. É importante lembrar que a comida não resolve os problemas, apenas distrai ou muda o foco temporariamente, portanto, quando perceber que se trata de comer emocional, é válido buscar emitir comportamentos concorrentes que também tragam prazer, como tomar um banho demorado, ouvir música, conversar com amigos, fazer exercícios físicos, dançar, meditar, ler um livro, assistir a um filme, entre outras alternativas que nos tragam satisfação.
Outro aspecto fundamental é estar atento ao momento das refeições, saboreando as preparações culinárias, percebendo o aroma, a textura e o sabor. É muito importante evitar comer em frente à televisão, enquanto trabalha ou durante o uso do telefone, pois essas práticas distraem e dificultam a percepção de quando alcançamos a saciedade durante a alimentação. Comer vai muito além de saciar a fome, contar calorias e nutrientes e quanto mais buscamos construir uma relação saudável com o alimento, mais benefícios teremos para a saúde.
Referências:
REIS, AL et al. Efeitos de intervenção focada no comportamento alimentar e de prescrição dietética em pacientes com Diabetes Tipo 1: um estudo piloto. Revista Brasileira De Terapia Comportamental E Cognitiva, 24(1), 1–26, 2022. https://doi.org/10.31505/rbtcc.v24i1.1603
BAYS, J. C. Mindful Eating: A Guide to Rediscovering a Healthy and Joyful Relationship with Food. Boulder: Shambhala, 2017.
ALVARENGA, M.; FIGUEIREDO, M.; TIMERMAN, F.; ANTONACCIO, C. (Org.). Nutrição comportamental. 2ª ed. Barueri: Manole, 2019.
Dra. Daniela Lopes Gomes
Nutricionista, especialista em nutrição clínica, Mestre em teoria e pesquisa do comportamento pela UFPA e Doutora em nutrição pela UnB. Professora e pesquisadora da Universidade Federal do Pará (NTPC/UFPA). Educadora em Diabetes pela SBD/IDF/ADJ. Coordenadora do Grupo Educativo em Diabetes (GEDIA).
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