DIA NACIONAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À HIPERTENSÃO ARTERIAL

Daniela Lopes Gomes, Professora e Pesquisadora da Universidade Federal do Pará, Doutora em Nutrição e Coordenadora do Departamento de Nutrição (Gestão 2024-2025).

Para o Dia Nacional de Prevenção da Hipertensão, o Departamento de Nutrição separou dois estudos bem interessantes para discutir com vocês. Sabemos que a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM) são as duas principais causas do desenvolvimento de Doença Renal Crônica (DRC) e diferentes padrões dietéticos têm sido estudados para compreender qual deles poderia prevenir a piora da função renal. Dentre os padrões, podemos destacar a “dieta para parar a hipertensão”, originalmente chamada de “Dietary Approaches to Stop Hypertension”, mais conhecida como “dieta DASH”. Esta dieta inclui como base a ingestão de frutas e hortaliças, produtos lácteos com baixo teor de gordura, cereais integrais, peixes, aves e oleaginosas, como nozes e castanhas, além de incentivar a restrição do consumo de carnes vermelhas e processadas, sal adicionado e produtos industrializados ricos em sal e açúcar, como as bebidas artificiais.

A dieta DASH tem sido associada ao melhor controle de fatores de risco para a DRC, como a resistência à insulina, a hipertensão arterial e a dislipidemia. Nesse sentido, o estudo de Mozaffari e colaboradores [1], publicado em 2020, teve como objetivo realizar uma revisão sistemática com meta-análise de estudos observacionais para quantificar a associação entre a adesão à dieta DASH e o risco de DRC. Foram incluídos na meta-análise seis estudos, sendo dois transversais e quatro estudos de coorte prospectivas, totalizando uma amostra de 568.213 participantes, incluindo 16.694 casos de DRC. As estimativas de risco combinadas mostraram uma associação inversa entre a adoção da dieta DASH e o risco de desenvolver DRC (OR: 0,77, IC 95% 0,63-0,94; p= 0,01). Já a análise estratificada mostrou uma associação marginalmente significativa entre a dieta DASH e o risco de DRC em estudos de coorte prospectivos (OR: 0,79, IC 95% 0,61-1,01; p= 0,05). Portanto, há uma associação inversa significativa entre o padrão alimentar DASH e o risco de desenvolver DRC, podendo ser um padrão dietético com ótimos resultados na prevenção da piora da função renal em pessoas com HAS.

Além da dieta DASH, as dietas vegetarianas têm recebido destaque atualmente, porque estudos têm apontando um efeito importante no controle da pressão arterial, como mostra o estudo de revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos randomizados de Gibbs e colaboradores [2], publicado em 2021. Este estudo avaliou se apenas dietas com restrição total de alimentos de origem animal (veganas) tinham efeitos benéficos na pressão arterial, ou se dietas contendo alguns alimentos de origem animal também apresentariam efeitos significativos.

Gibbs e colaboradores [2] incluíram 41 ensaios clínicos na sua análise, totalizando 8.416 participantes. Na análise agrupada, os padrões dietéticos foram associados a pressão arterial sistólica (de contração do coração) mais baixa e efeitos semelhantes na pressão diastólica (de relaxamento do coração), sendo a dieta DASH e a dieta ovolactovegetariana com melhores resultados, apresentando alto impacto no controle da pressão arterial [Dieta DASH -5,53 mmHg (IC 95%: -7,95, -3,12), dieta mediterrânea -0,95 mmHg (IC 95%: -1,70, -0,20), dieta vegana -1,30 mmHg (IC 95%: – 3,90,1,29), dieta ovolactovegetariana -5,47 mmHg (IC 95%: -7,60,-3,34), dieta nórtica -4,47 mmHg (IC 95%: -7,14,-1,81), dieta rica em fibras -0,65 mmHg (IC 95%: -1,83,0,53) e dieta rica em frutas e vegetais -0,57 mmHg (IC 95%: -7,45,6,32)]. 

Portanto, dietas com menor quantidade de produtos de origem animal e alimentos ultraprocessados, ricas em frutas, vegetais, produtos lácteos com baixo teor de gordura e oleaginosas parecem ser uma ótima opção para pessoas que desejam controlar a pressão arterial. Destaca-se a importância da prescrição dietética por nutricionistas especializados, que possam adequar as orientações e garantir maior adesão ao padrão dietético com melhores resultados clínicos.

Referências:

1- Mozaffari H, Ajabshir S, Alizadeh S. Dietary Approaches to Stop Hypertension and risk of chronic kidney disease: A systematic review and meta-analysis of observational studies. Clin Nutr. 2020 Jul;39(7):2035-2044. doi: 10.1016/j.clnu.2019.10.004. 

2- Gibbs J, Gaskin E, Ji C, Miller MA, Cappuccio FP. The effect of plant-based dietary patterns on blood pressure: a systematic review and meta-analysis of controlled intervention trials. J Hypertens. 2021 Jan;39(1):23-37. doi: 10.1097/HJH.0000000000002604.

Dra. Daniela Lopes Gomes

Nutricionista, especialista em nutrição clínica, Mestre em teoria e pesquisa do comportamento pela UFPA e Doutora em nutrição pela UnB. Professora e pesquisadora da Universidade Federal do Pará (NTPC/UFPA). Educadora em Diabetes pela SBD/IDF/ADJ. Coordenadora do Grupo Educativo em Diabetes (GEDIA).