A educação voltada para a autogestão do diabetes mellitus (DM) é o processo de facilitação de conhecimentos, habilidades e capacidades necessárias para o autocuidado da doença. Tem como objetivos principais: apoiar a tomada de decisões, orientar o autogerenciamento e a resolução de problemas, bem como promover a colaboração ativa entre paciente e equipe de saúde a fim de melhorar os resultados clínicos, o estado de saúde e a qualidade de vida de maneira eficaz em termos de custos¹.
A alimentação depende da disponibilidade de alimentos na natureza ou na sociedade em que se vive, mas as decisões sobre o que comprar para comer são sempre permeadas pelo conhecimento sobre o que existe de disponível, pelas preferências, pelo poder aquisitivo e pelos significados e valores que atribuímos aos alimentos².
Educação não é uma pílula. Seu resultado vai depender do tempo de cada um. No campo da nutrição, as mudanças demoram e são precedidas de mudanças internas, invisíveis, difíceis de serem mensuradas. Para isso é necessário profissionais que saibam ouvir e compreender, de perceber o conteúdo expresso na comunicação não verbal, de interpretar as questões de alimentação à luz dos conhecimentos².
A efetiva incorporação da alimentação de boa qualidade como um valor para a vida depende da educação. Educar para promover a alimentação saudável implica intervir na vida das pessoas com ética, com conhecimentos técnicos e com profunda compreensão da condição humana².
O aconselhamento dietético ou nutricional não trata-se apenas de uma orientação dietética ou dietoterápica, com foco clínico, mas de uma processo interpessoal, no qual o aconselhamento dietético é compreendido como: “uma abordagem de educação utricional, efetuada por meio do diálogo entre o cliente portador de uma história de vida, que procura ajuda para solucionar problemas de alimentação, e o nutricionista preparado para analisar o problema alimentar no contexto biopsicossociocultural da pessoa, que o auxiliará a explicitar os conflitos que permeiam o problema, a fim de buscar soluções que permitam integrar as experiências de criação de estratégias para o enfrentamento dos problemas alimentares na vida cotidiana, buscando um estado de harmonia compatível com a saúde”³.
Por fim, a abordagem dietética deve ser realizada por nutricionista experiente e deve ser centrada na pessoa com DM sendo a comunicação eficaz considerada a via para o envolvimento do paciente. Essa abordagem inclui extrair emoções, percepções e conhecimento por meio da escuta ativa. Desta forma, os pacientes serão capazes de explorar opções, escolher seu próprio curso de ação e se sentirem habilitados a tomar decisões informadas na autogestão¹.
Referências
- CAMPOS, T.B.F. de; CAVICCHIOLI, M.G.S. Educação em diabetes e estratégias educativas na abordagem multiprofissional. In: Nutrição e diabetes mellitus na prática clínica. Organizadores João Felipe Mota, Maristela Bassi Strufaldi, Marlene Merino Alvarez. 1 ed. Santan de Parnaíba (SP), Manole, 2023. p. 283-296.
- BOOG, M.C.F. Educação em Nutrição: Integrando Experiências. 1ª ed., Campinas: Komedi Editora, 2013. 268 p.
- RODRIGUES, E.M.; BOOG, M.C.F. Problematização como estratégia nutricional com adolescentes obesos. Cadernos de Saúde Pública 22 (5):923-931, 2006.
Dra. Deise Regina Baptista
- Profª aposentada Universidade Federal do Paraná - UFPR
- Mestre e Doutora em Ciências Farmacêuticas – UFPR
- Educadora em Diabetes – International Diabetes Center – MN
- Membro do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes
desde 2000 @baptistadeise
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