Óleo de Coco e Diabetes

O óleo de  coco é o  produto  obtido  da polpa do coco fresco maduro (espécie Cocos nucifera L.),  e é  composto o óleo de coco é composto por ácidos graxos saturados (mais de 80%) e ácidos graxos insaturados.
Os  ácidos  graxos saturados (AGS)  são o caprílico, láurico e mirístico e são considerados ácidos  graxos de cadeia média. Outros  AGS  que  compõem  o óleo de coco  são capróico, cáprico, palmítico e esteárico. Já os ácidos graxos insaturados  são o oléico e linoléico. (1)

O óleo de coco vem cada  vez mais sendo  prescrito  por profissionais  e consumido pela população por  ter alegações de melhora de quadros neuro-degenerativos, obesidade e dislipidemia. Entretanto, as  evidências  são fracas e as Sociedades Médicas  não recomendam o  uso do óleo  para fins de tratamento. (1,2)

Em  diabetes existem  controvérsias  em  relação ao  uso do óleo de coco. Em relação ao  perfil  glicêmico,  sabe-se que a liberação de insulina varia de acordo com  o tipo de ácido graxo presente na  dieta.  Os  ácidos  graxo insaturados como  linolênico e linoleico potencializam a  secreção de insulina, enquanto que os  AGS diminuem a resposta  das células beta pancreáticas.(3)
A maior parte dos estudos se concentram em dados sobre obesidade e  dislipidemia,  condições frequentemente  associadas ao  diabetes mellitus  tipo 2.  Estas condições podem ser fatores  confundidores para  saber o real papel do óleo de coco na  glicemia, uma  vez que  estão relacionados  à obesidade  central e a resistência à  insulina. 

Dentre os estudos publicados que relacionam o óleo de coco e  diabetes, muitos  são  experimentais e  comparam  diferentes tipos de  gorduras associadas ou não a carboidratos, o que dificulta a real análise da eficácia.

Considerando todas as informações, o uso com fins  terapêuticos é desaconselhado. O uso moderado,  como parte  da alimentação para quem não tem  diabetes ou  resistência  à insulina   pode  ser considerado.  Entretanto o  uso de óleo  ricos em monoinsaturados, como azeite de oliva por exemplo que é  sabidamente  reconhecido por seus efeitos benéficos à saúde. 

Além  disso, a SBEM e a ABESO também não recomendam o uso regular de óleo de coco como óleo de cozinha, devido ao seu alto teor de gorduras saturadas e pró inflamatórias. O uso de óleos vegetais com maior teor de gorduras insaturadas (como soja, oliva, canola e linhaça) com moderação, é preferível para redução de risco cardiovascular.(1)

Referências

  1. Posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) sobre o uso do óleo de coco para perda de peso.
  2. Posicionamento oficial da Associação Brasileira de Nutrologia a respeito da prescrição de óleo de coco. 2017
  3. Harber EP, et al. Secreção de insulina: efeito autócrino da insulina pela modulação de ácidos graxos. Arq Bras End e Met. 2001,  45;219-227.
Dra. Silvia Ramos
  • Nutricionista - Centro Univarsitário São Camilo
  • Especialista em Saúde  Pública  FSP/USP
  • Especialista em Nutrição Materno Infantil EPM/UNIFESP
  • Doutora em Ciências da Saúde EPM/UNIFESP
  • Educadora em Diabetes ADJ/SBD/IDF-SACA
  • Membro do Departamento de Nutrição da  SBD
  • Membro de SBD - Regional SP
  • Membro do Grupo de Educação e Controle do Diabetes GECED - EPM/UNIFESP
  • Coordenadora e docente de cursos de graduação e pós-graduação em nutrição. (Insira Educacional, FAMESP, Universidade Anhembi Morumbi, Sírio Libanês)
  • Nutricionista na ADJ Brasil -Coordenadora de Nutrição Clínica do Acampamento - ADJ/NR
  • Nutricionista em consultório multidisciplinar desde 2000